O ano é 2054. A cidade é o Rio de Janeiro. A realidade é completamente diferente.
Em Rio 2054, Jorge Lourenço mostra a cidade maravilhosa de um outro ponto de vista. Um universo cyberpunk se forma a partir de uma guerra envolvendo os royalts do petróleo anos antes e mostra a cidade separada drasticamente entre dois polos principais: Rio Alfa – a área de vivência dos ricos protegida por uma forte barricada do que antes o metrô – e Rio Beta – terra de ninguém também conhecida como Escombros. Em nossas caminhadas pelos Escombros, conhecemos Miguel, um jovem sem grandes pretensões que sobrevive catando restos de tecnologia para reutilizar ou vender. Em meio a peças pregadas pelo destino, Miguel se mete no meio de uma briga de gangue protagonizada por um duelo de motoqueiros e, sem intensão, torna-se pivô de uma guerra que pode modificar a história da cidade drasticamente – de novo.
Rio 2054 é assustador porque é real. Se a tal disputa pelos royalts realmente chegasse a atitudes extremas, é possível que a cidade se tornasse um campo de guerra. A crítica é forte ao mostrar a segregação entre ricos e pobres e também a participação do tráfico nisso tudo, com uma cidade em pedaços partida pela ganância de seus governantes. Em muitos momentos, bem e mal se confundem e não sabemos em quem confiar, o que aponta que, numa guerra, todos são inimigos.
Além das fortes críticas sociais, contamos também com elementos fantásticos no meio da narrativa, quando pessoas com poderes especiais se unem à disputa para salvar o que restou da cidade do Rio de Janeiro.
O livro conta com uma presença forte de inteligências artificiais, o que demonstra uma pesquisa profunda por parte do autor. Além disso vemos sobre política, arte da guerra, política e robótica, tudo unido perfeitamente no caminho que Miguel percorre. Os personagens são cativantes e intrigantes o suficiente e o clima da história é sério e severo, fazendo que fiquemos sem fôlego nos momentos certos.
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É uma leitura recomendada a quem quer ver uma realidade fantástica bem em cima da nossa realidade de forma bem feita e interessante.
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