Fizemos há pouco tempo um post sobre o seriado Drácula que é uma releitura do clássico de Bram Stoker. A série tem todo aquele lance do romance entre o Drácula e a Mina e tudo mais da história original, só que adaptado. Até que um amigo esses dias comenta comigo ao ler este post: “cara, não faz sentido isso. Todo mundo sabe que um vampiro está morto e não pode amar e nem fazer sexo…”

Ééééé mais ou menos, mais ou menos.

Pr. Poderoso castiga - Aaaaa mais ou menos

Pensando bem esse é um tópico que sempre gera discussão entre os fãs de histórias vampirescas. Vampiros podem ou não sentir? Podem amar e ter relações sexuais? Vale exercitar a imaginação e pensar um pouquinho nessa questão, nem que seja só por curiosidade. Vamos lá.

Podemos pegar o próprio Drácula de Bram Stoker como ponto inicial, já que ele foi referencia para quase tudo que veio depois. Segundo a história, Drácula recebe sua maldição como uma punição por renegar a Deus, a quem ele culpa pela morte de sua amada. Essa cena é interpretada magistralmente por Gary Oldman no cinema.

É possível dizer que ele seria o vampiro original, dando origem a outros mais tarde. Mas em momento algum é dito que ele está morto. Termina o fim de sua vida como homem e devoto, transformando-se em uma criatura das trevas. Mas nada compromete as funcionalidades do seu corpo. Tanto é que ele mantém aquelas 3 vampiras gostosonas no castelo (que dão a entender já terem tido algo com ele no passado), além da cena em que ele se transforma em lobo e tem relações com a amiga da Mina, Lucy.

Falando de relações sexuais e mudando de um extremo para o outro, existe a cena da noite de núpcias entre Edward e Bela em Crepúsculo. Ok, ok, não vamos julgar o mérito dessa obra, mas ela existe e tem relevância. O tempo todo fica óbvio que a Bela quer partir para o “rala e rola”, mas o Edward tem medo de machucá-la por conta de sua força e instintos mais agressivos. Nunca é colocado em pauta a sua capacidade, tanto é que a coisa vai mais a frente e ele chega a engravidar a moça!

Aliás, esse não foi o único caso de gravidez entre vampiros. Isso já foi visto na franquia Underworld com a linda da Kate Beckinsale. O caso de amor entre a vampira Selene e o mestiço Michael nos 2 primeiros filmes dão origem a uma cria super poderosa que só vem a  aparecer em Underworld: Awakening.

Tanto Crepúsculo como Underworld mostram vampiros com uma composição biológica mais humana. São criaturas que poderiam caminhar entre os mortais facilmente sem aparentar nenhum tipo de monstruosidade.

Essa parece ser uma característica comum em obras mais contemporâneas. Querem outro exemplo? Quem se lembra da cena da boate de vampiros no filme do Blade? Tudo bem que não existe nenhuma cena de sexo ali, mas dá a entender que os vampiros usam de sua sexualidade para caçar. Significa que eles podem no mínimo emular sinais de excitação como calor e ereção.

Tá, mas o que isso significa?

Significa que existem diversos exemplos midiáticos de que vampiros poderiam sim ter relações sexuais. Como eu já disse são obras contemporâneas, o que talvez justifique o uso do recurso sexual como apelo de público.

Então o que sustenta essa idéia de quê os vampiros estão totalmente mortos e não podem se relacionar ou se reproduzir sexualmente? Bom, em certas obras mais clássicas fazem-se bom uso desse conceito.

Um dos maiores exemplos talvez sejam os vampiros do universo criado por Anne Rice em suas Crônicas Vampirescas. O trabalho de Anne é referência pra muita gente e quase todo fã de histórias desse tipo já leu algum de seus títulos. Que ela é uma ótima escritora não se discute, mas convenhamos que para muitos talvez seja difícil comprar suas idéias.

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Vampiros de Anne Rice sempre envolveram o fator da sexualidade

Uma coisa que eu geralmente ouço das pessoas que lêem um dos seus livros é: “Gostei das histórias, mas é muita sacanagem entre os vampiros. Eles são todos gays.” Homofobias a parte, realmente Anne faz um uso massivo do fator da sedução nos seus personagens, mas é preciso entender o contexto geral do cenário.

Primeiro que muitos vampiros ali são antigos, oriundos de épocas e lugares onde a homossexualidade era algo normal. Vampiros descendentes da Grécia antiga, Roma e Egito. Ou da Europa Renascentista, onde diversas obras de artes retratam a relação homossexual de maneira aberta. Então, se vampiros são criaturas atemporais é justo que mantenham muito dos gostos e características que possuíam em vida.

Outro ponto muito relevante também é entender de que nesse universo os vampiros são realmente criaturas mortas, fisiologicamente falando. Não respiram, não ingerem nenhum tipo de alimento que não seja sangue, não se cansam, não sofrem com extremos de temperaturas e quando suam ou choram sempre secretam sangue. O tempo todo eles precisam emular a vida humana para interagir entre os mortais, sendo certas coisas muito dispendiosas, como praticar o ato sexual.

Lestat e Akasha em “A Rainha dos Condenados”

O “sexo” entre os vampiros de Anne Rice se dá por conta de carícias e elos cognitivos, já que são criaturas de sensibilidade e percepção extremamente aflorada. E eu sempre mantive a teoria de quê os conceitos de homossexualidade não podem ser aplicados a eles. Não são humanos, não se reproduzem através da copulação, não estão vivos. Logo, são criaturas assexuadas que apenas mantém atributos físicos de um determinado gênero, e nada mais.

Outro universo fictício em que o sexo entre vampiros também é complicado é o criado por Mark Hein Hagen no célebre jogo de RPG Vampiro, A Máscara. Assim como as criaturas de Anne Rice, os vampiros aqui estão mortos em sua fisiologia. Não vamos entrar nos detalhes das regras, mas simplificando é dito que apenas as funções do coração e do cérebro estão ativas através da energia gerada pela Vitae (sangue).

To Pick A Rose
Em Vampiro A Máscara a sensualidade é a maior arma de caça dos predadores imortais

Eu sempre achei isso muito confuso. Claro que o jogo não se propõe a explicar tudo e essa regra serve para dizer que seu personagem precisa se alimentar de sangue de tempos em tempos, ou vai cair em um sono profundo chamado de Torpor. E que a cabeça e o coração são seus pontos fracos, podendo causar sua morte final se receberem muito dano. Tudo que o seu vampiro faz requer o gasto de energia através do sangue que ele consome. O que vai desde o simples ato de despertar todas as noites, aplicar seus poderes sobrenaturais ou usar o dom de simular vida.

Deixar as faces coradas e a pele quente requer um enorme sacrifício. Assim como ingerir alimentos comuns, que mais tarde precisam ser expelidos de maneira um tanto… violenta. Então, se o vampiro pode usar o poder de seu sangue para imitar outras funções fisiológicas, por que não também o ato sexual? Sempre usei da regra de quê o personagem poderia sim usar do seu poder para conseguir uma ereção, ou estar apta a penetração no caso das mulheres. Mas nada disso é oficial e fica a critério do narrador e seus jogadores.

Então qual conclusão nós chegamos? É realmente possível que vampiros amem e tenham relações sexuais da mesma maneira que nós, pobres mortais?

A resposta é: depende!

Tudo vai depender do autor de cada obra e de cada universo fictício. Eu prefiro pensar que a sexualidade é uma das armas desse predador. Porque não importa se estamos falando de um clássico ou de uma historia mais recente, o fator da sedução está sempre presente. Vampiros precisam caçar e nem sempre o uso da força é viável. Quando é necessário ser discreto o melhor jeito é atrair a presa de maneira sensual.

O que nunca quer dizer também que o ato sexual em si venha a dar algum tipo de prazer. Como já dito, vampiros são criaturas mortas cujo único momento de satisfação é quando o sangue quente das vítimas desce pela sua garganta. Gosto de pensar que não sentir nenhum prazer com outros atos mundanos faz parte da maldição do vampirismo, e assim será por todas as suas amaldiçoadas eternidades.

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