Mundo Cão – Um Thriller Policial Nacional de Primeira no Netflix

Eu sempre fui um grande crítico, no sentido negativista mesmo, do cinema nacional. Com tantos atores e roteirista de qualidades sempre me incomodou ver as salas de cinema repletas de filmes que são longa metragens de esquetes do Zorra Total. Aliás, até o Zorra deu uma repaginada e se atualizou, enquanto ainda temos as mesmas comédias sofríveis estreladas pelo Leandro Hassum e pela Ingrid Guimarães por aí. Mas quando a coisa é boa também temos de falar.

E precisamos falar sobre Mundo Cão,  com Lazaro Ramos, Babu Santana e Adriana Esteves no elenco. A Direção fica por conta de Marcos Jorge, que já esteve a frente de outras obras como “Estômago” e “Corpos Celestes”. Deus sabe lá porque esse filme está classificado como COMÉDIA/DRAMA, talvez ajude a vender melhor desse jeito, quem vai saber. Mas eu o classificaria como um thriller policial de primeira, muito bem ambientado na cidade de São Paulo.

Segue a sinopse de Mundo Cão.

Em 2007, antes de ser sancionada a lei que proíbe o sacrifício de animais abandonados, Santana (Babu Santana) é um funcionário do Centro de Controle de Zoonoses de São Paulo que trabalha recolhendo cães de rua. Certo dia ele captura um enorme cachorro raivoso cujo dono (Lázaro Ramos) só aparece para recuperá-lo dias depois, quando já é tarde demais. Irado, o homem culpa Santana pelo ocorrido e trama uma cruel vingança.

Falando primeiro sobre a atuação e dos personagens, Lazaro Ramos como sempre faz um bandido psicótico como ninguém. A obsessão do personagem com cães e a forma como o ator expõe isso no olhar vidrado enquanto intimida suas vítimas é de fazer medo em qualquer um. Admito não ser conhecedor do trabalho de Babu Santana, mas a forma como ele interpretou um pai de família que vive no limite máximo entre ser uma pessoa honesta e de bem e alguém que clama vingança por seus entes queridos é fascinante. Adriana Esteves dispensa comentários, como sempre, colocando a emoção e o desespero de uma mãe em cada trejeito, até mesmo na forma de andar. Milhem Cortaz teve uma participação bem pequena, o que é uma pena, por ser um ator de talento reconhecível. Destaque para o pequeno Vini Carvalho (esse garoto tem futuro) e a lindinha da Thainá Duarte que roubou a cena no fim da história.

Outra coisa que chama a atenção na história é a ambientação. Provavelmente o público paulista vai se conectar mais facilmente, com as muitas referências de lugares, linguagem e times de futebol. Mas mesmo sendo um bom carioca eu não me incomodei, mas essa regionalização é algo que notamos facilmente. Sobre o andamento, não sei dizer até onde isso é mérito do diretor ou da edição, mas a trama tem um ritmo bem peculiar. Até o primeiro terço as coisas acontecem muito rápido, com personagens entrando e saindo de tela o tempo inteiro. Na metade ocorre uma espécie de “barriga” com muito drama, o que de certa forma ajuda o expectador a criar mais empatia pelos personagens e pelo drama daquela família. Até que na ultima parte do filme você fica tenso esperando o desenrolar de uma situação com resultado quase que inevitável.

Disponível no Netflix, Mundo Cão é um excelente filme tanto para assistir sozinho como para ver com a família reunida na sala. A violência gráfica fica por conta do impacto e da tensão das cenas, principalmente envolvendo Adriana Esteves. Mas nada que seja demais, tudo muito bem dosado. Recomendo realmente tanto para quem curte cinema nacional quanto para quem gosta daqueles filmes que te deixam pregados no sofá.