Feminismo Exagerado ou Protesto Legítimo? – DC Comics Cede e Retira Polêmica Capa da Batgirl Feita Por Brasileiro.

Quando a gente pensa que o mercado de quadrinhos deu um passo a frente na verdade foram dois passos para trás, ou não.

A bola da vez foi todo o protesto feito por diversos leitores contra a capa variante da edição #41 da revista da Batgirl, com arte do brasileiro Rafael Albuquerque. Na arte notamos uma clara referência ao clássico “Piada Mortal”, escrito por Alan Moore há 25 anos. A história ficou famosa por contar uma possível origem do Coringa e mostrar como o vilão aleijou e molestou Barbara Gordon a Batgirl.

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Capa Variante de Batgirl #41 pelo desenhita brasileiro Rafael Alburquerque

O que poderia ter sido uma bela homenagem acabou se transformando em um a discussão total entre os fãs da personagem, que se sentiram ofendidos pela capa que seria claramente “um lembrete da opressão contra as mulheres”. Atualmente a revista da Batgirl é escrita por Cameron Stewart e Brenden Fletcher com a excelente arte de Babs Tarr, e vem sendo grande sucesso tanto com o público masculino quanto com o feminino.

O debate não ficou só entre os fãs, mas também chegou até nomes influentes do mercado, como Claire Napier da Woman Write About Comics, que iniciou uma campanha agressiva contra a DC Comics no seu Twitter:  “Você tem 15 anos e vai à uma Comic Shop pela primeira vez porque viu a arte de Babs Tarr no Tumblr. Batgirl te encara e chora aterrorizada enquanto um homem a toca. Como você se sente?”

 

No fim das contas a DC retirou essa versão da capa variante do mercado e fez um pronunciamento oficial sobre o caso, leiam aí.

“Nós publicamos revistas dos maiores heróis do mundo e dos vilões mais malvados que se possa imaginar. As capas variantes do mês de Junho são um reconhecimento ao 75º aniversário do Coringa.

Independente de fãs acharem que seja incompatível falar sobre temas como ameaças de violência e assédio na fase atual da Batgirl, entendemos que foi uma homenagem de Rafael Albuquerque à Alan Moore, pela graphic novel “A Piada Mortal”, uma obra de 25 anos atrás.

Vamos honrar o talento criativo e, por solicitação do Rafael, a DC Comics não vai publicar a capa variante da Batgirl.”

Rafael Albuquerque também se manifestou e emitiu uma nota sobre o caso. Veja o que disse o artista brasileiro:

“Minha arte da capa variante da Batgirl foi concebida para homenagear uma história em quadrinhos que eu realmente admiro, e eu sei que é uma das favoritas de muitos leitores. “A Piada Mortal” é parte do cânone de Batgirl e, artisticamente, eu não poderia evitar de retratar a situação traumática entre Barbara Gordon e Coringa.

Para mim, era apenas um “disfarce assustador” que trouxe algo do passado da personagem que eu interpretei artisticamente. Mas tornou-se claro que, para outros, ela tocou em um nervo exposto. Eu respeito essas opiniões sejam elas certas ou erradas, pois geraram uma discussão que não deve ser desacreditada.

Minha intenção nunca foi ferir ou incomodar ninguém pela minha arte. Por essa razão, recomendei à DC que a capa variante fosse retirada. Estou muito satisfeito que a DC Comics entendeu as minhas preocupações e não vai publicar a arte da capa em junho, como anunciado anteriormente.

Com todo o respeito,

Rafa”

Batman - The Killing Joke - Page 29
Coringa torturando o Comissário Gordon com fotos da Batgirl sendo molestada na “Piada Mortal”, escrita há 25 anos por Alan Moore

Amigos leitores desse humilde site, eu vos pergunto: toda essa manifestação foi realmente justificada???

Entendemos que o mercado de HQs busca incluir cada vez mais uma fatia de consumidores femininos e vem se esforçando pra isso, quebrando décadas de hegemonia de consumo masculina nos quadrinhos. Mesmo que a coisa não seja perfeita ainda é visível a boa vontade de muitos artistas principalmente em favorecer heróis e personagens de ambos os gêneros.

Posso falar apenas por mim, mas considero a “Piada Mortal” um clássico que em momento algum denigre o valor da mulher. Quem leu sabe que o Coringa ataca não só a Bárbara, mas também deixa o próprio Comissário Gordon a sua mercê. E que a história foi um grande marco para a personagem fazendo com que ela passasse de Batgirl para Oráculo e, com isso, se transformasse em um personagem exemplo não só de mulher forte que superou uma agressão, mas também de uma deficiente que consegue ser totalmente útil e relevante dentro do universo em que vive.

O assunto é delicado sim, mas considero muitas das críticas ao Rafael injustas. Além disso a arte é provocativa e faz realmente com que os fãs sintam um “repúdio”, o que apenas confirma a profundidade da historiografia da personagem. O que é bom, não é? Mostra que isso tem um peso na mente dos leitores e que faz com que pensemos e relembremos o quão abominável é esse tipo de coisa!

Aproveito para fazer um jabá e recomendar a vocês o nosso podcast em que falamos sobre grandes mulheres da cultura POP, citando inclusive a Batgirl como um grande exemplo! Clique no banner abaixo se quiser ouvir mais sobre o tema.

 Zoneando #11 Vitrine

Enfim, digam o que acham disso. Foi certo a DC ter cedido e retirado a capa do mercado? E se isso pode influenciar a liberdade artística de outros desenhistas.

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