Brasil: Uma Geração de Gamers… Gordinhos?

“Sai da frente dessa televisão, menino! Vai brincar!”
Quem nunca ouviu essa ordem?

Crianças e TV sempre foram a “química do mal” (Breaking Bad? HUEHUE). Ainda mais se colocarmos a questão do vídeo game/PC nesse combo. Se por um lado os jogos eletrônicos aguçam a mente e treinam nosso raciocínio (ensinam até idiomas às vezes), por outro acabam deixando os jogadores cada vez mais sedentários.

No mundo gamer o mais novo mimimi foi um outdoor da Amil lançado recentemente em sua nova campanha. A peça traz a seguinte mensagem:

Nem preciso dizer que a comunidade gamer caiu matando em cima, né?!
Foram ressaltados todas as vantagens cognitivas dos vídeo games e até mesmo quando usados com periféricos que promovem a atividade física, como o Kinect do Xbox por exemplo. Como jogador eu concordo com vocês, mas uma coisa não pode ser ignorada: estamos realmente ficando cada vez mais sedentários.

Vejam bem, não estou colocando a culpa nos games, de forma alguma. Até porque o problema da obesidade infantil, que é o caso aqui, é muito mais grave. Dando uma pesquisada eu vi que o Ministério da Saúde declarou no ano passado que uma em cada três crianças brasileiras sofre com a doença. Durante o 17º Congresso Brasileiro de Nutrologia a nutróloga e pediatra da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Claudia Hallal Alves Gazal tratou a fundo do assunto: “Os padrões mudaram, pois hoje as crianças são mais sedentárias e pelo menos 90% das menores de dois anos ficam muito tempo na frente do computador e da televisão”

A doutora cita também que o problema não vem apenas da tecnologia, mas sim de todo um sistema social e comportamental vivido pelas crianças e jovens hoje em dia. Segundo ela, “O público infantil é vulnerável e é muito exposto a propagandas televisivas. 71,6% das peças publicitárias para crianças são de alimentos de fast food, doces e refrigerantes”.

Pesquisando um pouco mais, vi que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou, em agosto de 2010 os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008–09) dados que já confirmavam tudo isso. De que o excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% e o excesso em mulheres foi de 28,7% para 48%. O quadro infantil é ainda mais preocupante, já que diversos diagnósticos apontam doenças como colesterol alto, hipertensão e diabetes tipo 2, que resultam principalmente do estilo de vida inadequado. Tem crescido também o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) em idades precoces.

Infarto, mano! CRIANÇAS INFARTANDO!!!
Resumindo, o brasileiro no geral está ficando gordo… E as crianças mais ainda. O curioso é que nenhuma dessas matérias e notas oficiais que eu li apontam qualquer argumento que usem vídeo games como agravantes.

Mais uma vez o que eu percebo é que a coisa é muito mais ampla. A molecada hoje na escola não brinca mais, não corre, não joga bola. É o tempo todo com o smartphone e tablets na mão, sentadas pelos cantos. Eu fico olhando algumas escolas que estão literalmente cercadas de fast foods e outras porcarias, onde eles se entopem de Mc Lanches, sorvetes, refrigerantes e pastéis de “flango com catupily” TODOS OS DIAS!!!

Então afinal, vídeo games ajudam no fator da obesidade infantil?
Sim e não. É injusto dizer que o gordinho que não gosta de esportes e só come besteira está acima do peso porque fica na frente do PC ou do vídeo game o dia todo. Tudo é um ciclo. A Amil se defendeu no caso do outdoor dizendo que a peça faz parte de uma campanha de conscientização “muito mais ampla” de combate à obesidade infantil chamada Saúde 360.  Mesmo assim eu particularmente achei um tanto piegas, senão pedante. Lembrei-me de quando a minha avó dizia que vídeo game e videocassete “estragavam a TV”.

Resumindo, vídeo game NÃO engorda ninguém. O moleque pode passar a tarde inteira jogando lá o FPS dele de boa, ou zoando com a galera no League of Legends. Mas seria legal deixar o saco de Doritos e o copo triplo de Coca-Cola de lado um pouquinho e fazer alguma atividade física bacana também pelo menos umas 2 ou 3 vezes na semana. Equilíbrio é a palavra chave nessa questão.